oficina de clichês estilosos
o aniversário é nosso mas quem ganha o presente é você
melhor seria se fosse o passado, sem embrulhos
só uma volta no tempo
velas acesas e esperanças de celofane
aplausos disfarçados de parabéns
fotografias e relações analógicas
antes só do que mal acompanhado
mas algumas saudades ignoram o amor próprio
querem momentos de plural
ainda que o singular seja o correto
a irresistível companhia que faz mal
depois de fazer um absurdo de bem
uma andorinha sozinha não faz verão
certa de que prefere o inverno
temperaturas baixas agradam suas asas
nunca quis mudar estações
no máximo, os vizinhos de lugar
para economizar no bom dia ensaiado
a pressa é inimiga da perfeição
por isso atrasados vivem em maioria
confortáveis em seus ponteiros revoltados
ignorando compromissos com grande pontualidade
criando seu próprio tempo subjetivo
enquanto o mundo apenas espera
mas se Deus ajuda quem cedo madruga
o que fazer com o melhor do sono matinal?
a luz do sol fazendo carinho no rosto
o alarme do despertador ignorado com sucesso
a segurança da cama que protege do mundo
levantar pode arruinar a breve felicidade
quem canta os males espanta
mas como explicar isso ao desafinado?
a voz que sai não entra no paraíso
as portas fecham pra essa corrente de ar
notas desconexas de uma garganta insegura
apenas assassinam canções perfeitas
quem ri por último ri melhor
mas qual a graça de rir sozinho?
todos já foram pra casa satisfeitos
com piadas anteriores de caráter duvidoso
sua gargalhada final é quase um suplício
uma vitória em dias que acabou o champagne